sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O meu nome é Luísa Francisca de Gusmão

Fui Rainha de Portugal, mulher do rei D. João IV.
Nasci na Andaluzia, Espanha, a 13 de Outubro de 1613 e faleci em Lisboa a 27 de Fevereiro da 1666, com 53 anos.
Estou aqui para vos contar sobre a minha vida e sobre um período importante da História de Portugal.







Casei por procuração no princípio de Janeiro de 1633, tinha 19 anos, com D. João, 8.º duque de Bragança, e no dia 12, o bispo casou-me em Évora. Houve grandes festejos em Vila Viçosa pelo nosso casamento
Como sabem amanhã é feriado, e quero contar-vos porquê.
Ora tudo começou com a Batalha de Alcácer Quibir - 1578 –. Reinava em Portugal D.Sebastião que, muito novo, morreu nessa batalha, sem deixar filhos. Sucedeu-lhe um tio avô, o Cardeal D.Henrique, já idoso, 81 anos e que morreu, deixando o trono vago.

Em 1580, Filipe II de Espanha surgiu como pretendente ao trono de Portugal. Era neto de D. Manuel I e tio de D. Sebastião. Os nobres, o clero e a burguesia, apoiavam-no. Só o povo estava descontente, e apoiava D. António, prior do Crato, também ele pretendente ao trono, por ser primo de D. Sebastião.
Foi ele que ofereceu resistência ao rei espanhol, mas as tropas de Espanha eram mais numerosas e profissionais e D. António saiu derrotado e teve de fugir para o estrangeiro.

E foi assim que Filipe II de Espanha foi aclamado rei, nas Cortes de Tomar em 1581,com o nome de Filipe I. Comprometeu-se a respeitar os usos e costumes de Portugal, a nossa moeda, a só escolher governadores portugueses e a manter a independência de Portugal. Procurou manter a sua promessa, mas os seus sucessores D. Filipe II e D.Filipe III, não foram como ele e lançaram muitos impostos.
Os Portugueses estavam descontentes também, porque os nossos navios foram afundados. Também o nosso Império era atacado pelos inimigos de Espanha (França, Holanda e Inglaterra). Principalmente pelos holandeses e ingleses que nos viam como parte de Espanha. Quando os nobres portugueses foram convocados para prestarem serviço militar fora das fronteiras de Portugal, a ideia de se fazer um golpe, para expulsar os espanhóis, começou a ser posta em prática.
Os conjurados, diz-se que em número de 40, reuniam-se no maior segredo. Nunca todos de uma vez, para que não fossem descobertos. Escolheram o meu marido, o Duque de Bragança, o mais directo membro da casa real de Portugal, para ocupar o trono caso a conspiração triunfasse. O meu marido ainda hesitou, mas eu, que sempre fui uma mulher ambiciosa, disse-lhe: “antes rainha por um dia, do que duquesa toda a vida”. E lá o convenci.

Foi assim que na manhã de Sábado, dia 1 de Dezembro de 1640, tudo estava a postos nas carruagens espalhadas pelo Terreiro do Paço. Os 40 fidalgos, acompanhados por homens de armas esperavam o bater das 9h, nos sinos das igrejas.
À hora marcada, os conjurados dirigiram-se ao Paço da Ribeira por onde entraram tomando de surpresa a sala da guarda. Neutralizaram os soldados espanhóis, prenderam a duquesa de Mântua, vice-rainha de Portugal, em nome de Filipe IV e mataram o seu Secretário Miguel de Vasconcelos que estava escondido dentro de um armário e atiraram o corpo pelas janelas do Paço, onde os lisboetas que acorreram ao Terreiro do Paço, acabaram com ele.

No Castelo de São Jorge havia uma guarnição espanhola de 500 homens, que se rendeu facilmente. Neutralizadas as principais forças, a população de Lisboa deu largas à sua alegria, e invadiu as ruas, a gritar “Vivas” a D. João de Bragança.
D. João entrou em Lisboa, mas a seu pedido, sem festas, porque o País estava sem riquezas para isso. No dia 15 de Dezembro de 1640, profundamente religioso e querendo agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência de Portugal, ofereceu o reino à protecção de Nª Srª da Conceição, cuja festa se celebra a 8 de Dezembro. Nunca, desde então, os reis portugueses foram coroados ou representados com coroa, dado que esta foi oferecida à Virgem
Eu entrei em Lisboa a 21 de Dezembro, acompanhada pelos meus filhos, D. Teodósio, D. Joana e D. Catarina. Apesar de eu ser espanhola, o povo, sabia que eu tinha ajudado o meu marido a decidir a aceitar a coroa de Portugal e prestou-me as maiores manifestações de simpatia e entusiasmo.
D. João IV morreu em 1656 e deixou em testamento que eu seria a tutora dos meus filhos, e regente do reino durante a menoridade do meu filho D. Afonso.
Nos seis anos que fui regente, tive de suportar a maior força da guerra com a Espanha; foi nesse período que o marquês de Marialva ganhou as batalhas das linhas de EIvas e de Monte Claros.

A par da guerra, desenvolveu-se uma importante actividade diplomática. Enviei embaixadas a vários países europeus para que estes soubessem que a monarquia portuguesa fora restaurada. A mais importante foi a enviada a Inglaterra de que resultou o casamento entre o rei inglês Carlos II e a minha filha Catarina de Bragança. Finalmente o País em júbilo, veio para as ruas da cidade festejar a restauração da independência.

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